sábado, 5 de janeiro de 2013

Ervas aromáticas e tempêros

Publicado a 31 de Agosto de 2012

Nesta “coisa” das papas as ervas aromáticas são tema fulcral.

Muito antes de surgir a escrita o homem já usava ervas para fins alimentares e medicinais.

Nas suas experiências descobriu as qualidades de cada uma: alimento, medicamento, veneno, alucinógeno e outras.

Ainda hoje sacerdotes de sociedades não letradas usam determinadas plantas para provocar alucinações ou para curar o paciente.

O documento médico mais antigo que refere as propriedades medicinais das plantas é um tratado datado de 3.700 AC, da China, escrito por Shen Wung um imperador sábio que fazia experiências com as plantas. Nele escreveu que para cada enfermidade havia uma planta que seria um remédio natural. Conforme a lenda, ele podia observar os efeitos de seus preparados no organismo por ter o abdômen transparente.

Seguiram-se os egípcios, que deixaram papiros preciosos.Neles podemos ver que utilizavam ervas aromáticas na medicina, cosmética, culinária e, sobretudo, em sua técnica, nunca superada, de embalsamento. Eram de uso comum plantar as ainda hoje conhecidas e usadas: tomilho, anis, coentro, cominho, papoula, alho, cebola e outros.
Mas vamos por partes e com (algum…) sistema.

Carl von Linné, Lineu, como é mais conhecido (1707 1778),naturalista sueco, médico do rei, professor universitário, desenvolveu o sistema binário de classificação botânica das plantas que rapidamente se impôs no mundo inteiro. Hoje os nomes dos vegetais estão identificados em latim.

Começo com o Açafrão.

Ao que se diz Zeus, Rei dos deuses da Grécia antiga, dominado por insaciáveis apetites sexuais, chegou a dormir num colchão forrado com açafrão, na esperança de que a odorífera planta, cujas virtudes corriam o Olimpo, lhe exaltasse as paixões.

O «Crocus sativus», a bela planta bulbosa da família das iridáceas, também designada por açafroeira ou açaflor, de flor lilás, cujos estigmas, finíssimos e de cor vermelha, e parte dos estiletes dão uma especiaria preciosa – a mais cara do mundo – de perfume e sabor requintados, utilizada também, desde tempos remotos, como remédio e pigmento.

O nome científico da planta deve-se à aldeia de Krokos, situada na Macedónia Ocidental,na Grécia, origem de um dos maiores volumes de produção no Ocidente.

Originário da Ásia, este tempero é muito usado na Europa, na Índia e em países árabes. Por ser muito caro, o seu uso é um pouco restrito. O açafrão é obtido dos pistilos de uma planta e enriquece os pratos com sua cor e sabor característicos. Pode ser vendido em pistilos desidratados ou em pó.

Por cá, confunde-se frequentemente açafrão com curcuma, conhecida por açafrão-das-Índias, produto que se popularizou nos últimos 30 anos. Nos Açores usa-se ainda um outro produto de baixa qualidade: a açafroa ou cártamo, da qual também é extraído um óleo.

Se se pensar que são necessárias cerca de 100 mil flores para se obter 1 kg de açafrão e que a colheita, efectuada entre Outubro e Novembro, é inteiramente feita à mão, o mesmo acontecendo com a monda (operação que consiste em separar os estigmas da flor), percebe-se por que motivo os preços do açafrão são muitas vezes comparados aos do ouro.

João Reboredo

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