fevereiro 20, 2013
Floresta amazônica na borda do Rio Xingu a 140 km do município de Anapu em 19 de fevereiro de 2005 (Antonio Scorza/AFP/Getty Images)
Um estudo realizado na Universidade de Brasília qualificou 20 áreas privadas de manejo florestal na Amazônia. A pesquisa mostrou que áreas onde há maior presença do Estado e fiscalização apresentaram maior adoção de boas práticas de manejo.
O autor da tese de doutorado, o engenheiro florestal Marcos Antônio Camargo Ferreira, usou sua experiência de oito anos que adquiriu na antiga Diretoria de Florestas do IBAMA – atual Diretoria de Uso Sustentável da Biodiversidade e Floresta (DBFLO) – para responder à hipótese de que o manejo sustentável na Amazônia efetivamente é sustentável.
“O manejo florestal é a administração da floresta para a obtenção de benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema, onde ele ocorre”, explica Marcos.
Para manejar as florestas com fins madeireiros, um plano de manejo deve ser aprovado pelo IBAMA ou pelo órgão ambiental competente do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA).
“A não execução das atividades conforme aprovadas nos planos de manejo florestal pode acarretar na perda das características ambientais desejáveis da floresta incidindo em degradação ambiental”, disse Marcos.
As áreas analisadas na pesquisa estão localizadas nos municípios de Alta Floresta, Aripuanã, Colniza, Cotriguaçu, Marcelândia, Nova Bandeirantes, Nova Ubiratan, Paranaíta, Peixoto de Azevedo e São Félix do Araguaia, na região norte do estado de Mato Grosso.
Para analisar os dados coletados as 20 áreas que indicariam se as áreas estão adotando o manejo sustentável, Marcos usou a escala de sustentabilidade MoFRUS (sigla em inglês para Medida de Uso dos Recursos Florestais na Escala da Sustentabilidade).
Com base na metodologia aplicada na tese, os cuidados com biodiversidade e desenvolvimento da região no âmbito social, econômico e ambiental e segurança foram classificados como “potencialmente insustentável”. O cumprimento da legislação, utilização racional dos recursos florestais e respeito à água, solo e ar está entre “potencialmente sustentável” e “potencialmente insustentável”. Os quesitos que atingiram o nível de “potencialmente sustentável” foram à avaliação da instalação e infraestrutura do Acampamento.
Marcos identificou que as melhores práticas de manejo se encontram no “arco do desmatamento”, devido a presença do Estado. Já áreas da região nordeste da Amazônia matogrossense, onde a terra indígena do Xingu forma um “escudo”, há maior dificuldade de acesso e menor presença dos órgãos ambientais.
“De maneira geral, o manejo florestal na Amazônia brasileira, tem avançado no uso de técnicas e atividades que o conduzem em direção à sustentabilidade, mas essa mudança de paradigmas tem sido observada mais fortemente e em maior velocidade onde a presença do estado é mais constante”, disse.
Como recomendação do estudo, Marcos indica que o Brasil precisa ter um meio de sistematizar informações adquiridas das aplicações dos critérios e indicadores (C&I) de sustentabilidade nas áreas de manejo.
“É imperativo que a sistematização das coletas de dados obtidas em vistorias de campo realizadas pelos órgãos licenciadores da atividade de manejo florestal, sejam reunidos em um único banco de dados”, completa. E acrescenta que os C&I poderão ser a mais importante ferramenta para determinar as fortalezas e fragilidades do manejo florestal sustentável, e principalmente orientar políticas públicas para este fim, se utilizados corretamente
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