Por Célia Ribeiro
Já dizia o ditado: “A voz do povo é a voz de Deus”. Atravessando gerações, muitos costumes populares, como o uso de remédios caseiros, passam de pai para filho desde a colonização do Brasil. Já naquela época, os índios detinham o conhecimento para extraírem da natureza tudo o que necessitavam. Agora, em pleno século XXI, graças ao único viveiro de plantas medicinais do governo do Estado, localizado em Marília, esses conhecimentos estão ao alcance de todos.
Babosa muito usada no fortalecimento dos cabelos
Em uma gleba de terras, com 18 hectares na Fazenda do Estado (estrada para Júlio Mesquita), o Núcleo de Produção de Mudas de Marília (NPM), que pertence ao Departamento de Sementes, Mudas e Matrizes da CATI (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral), da Secretaria de Estado da Agricultura, mantém os viveiros para produção e comercialização de mudas de espécies nativas, frutíferas e medicinais.
Não apenas os agricultores, mas também as pessoas comuns que desejam cultivar espécies medicinais e aromáticas no quintal ou plantarem frutíferas ou mudas de espécies nativas na frente de casa, têm acesso às mudas a preço de custo. A informação é dos engenheiros agrônomos Eduardo Gazola (diretor do Núcleo de Marília) e Cláudio Hagine Funai (diretor do Centro de Produção de Sementes, Mudas e Matrizes que reúne 15 núcleos de sementes e 06 núcleos de mudas em todo o estado).
(Esq.) Eduardo e Cláudio, agrônomos.
“No viveiro da Fazenda do Estado, produzimos principalmente mudas de espécies nativas e algumas frutíferas. Além disso, Marília é o único núcleo que tem a produção de plantas medicinais e aromáticas”, explicou Eduardo Gazola. Assim, as mudas locais são exportadas para dezenas de municípios.
Referência no estado de São Paulo, o viveiro comercializa as mudas medicinais e aromáticas a R$ 1,50 a unidade e ainda fornece orientação sobre o cultivo. Hortelã, poejo, alecrim, arruda, capim-limão, erva cidreira, erva-doce, camomila, espinheira santa, guaco, manjericão, carqueja, confrei, insulina, malva, manjerona, menta, babosa, são as mais pedidas entre mais de 30 espécies disponíveis. É só fazer o pedido em um dia e retirar a encomenda no outro.
Um dos clientes habituais é o Instituto de Terras do Estado de São Paulo (ITESP), vinculado à Secretaria da Justiça, responsável pelo assentamento de famílias de trabalhadores rurais. Para a agricultura familiar são enviadas, junto com as mudas de espécies nativas e frutíferas, também as mudas de plantas medicinais e aromáticas, contribuindo para a preservação da cultura popular.
Vista geral das matrizes medicinais na Fazenda do Estado
IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA
O viveiro da Secretaria de Estado da Agricultura foi instalado na Fazenda do Estado em um dos 118 lotes de um dos primeiros assentamentos que se tem notícia, nos anos 60. Já saíram de lá mais de 2,5 milhões de mudas de espécies nativas para o Programa de Micro-Bacias, informou o agrônomo Cláudio Funai. Ele observou que tem ocorrido um aumento da procura por espécies nativas e frutíferas para recuperação de matas ciliares e áreas de preservação permanente nas propriedades rurais.
Carqueja é uma das mais pedidas
Estão à disposição desde as mudas de espécies mais comerciais, como laranja, limão, manga, uva e pêssego, até as frutíferas silvestres pouco exploradas como pitanga, araçá, gabiroba, pitomba etc.
Plantas aromáticas, como este manjericão roxo, também estão disponíveis
Eduardo Gazola, por sua vez, lembrou que como toda a estrutura da Secretaria da Agricultura (incluindo o Núcleo de Mudas e Sementes) está concentrada no prédio da Rua Santa Helena, próximo ao Bosque Municipal, os agricultores têm acesso às informações e orientações necessárias.
SEMENTES ORGÂNICAS
Graças aos investimentos do governo estadual e à equipe técnica de alto nível, o Departamento de Sementes, Mudas e Matrizes se prepara para mais um avanço: produzir sementes orgânicas. Segundo o agrônomo Cláudio Funai, “não existem sementes orgânicas no mercado. E com a nova lei, o Ministério da Agricultura passará a exigir, no fim de 2013, que todo produto orgânico tenha uma origem orgânica”.
Ao custo de R$ 1,50, cada muda de planta medicinal vai embalada
em um saquinho plástico contendo substrato. Agrônomos orientam sobre cultivo,
Na região de Tarumã e Palmital, uma área de um produtor orgânico será usada para produção de sementes de milho orgânico na unidade de Paraguaçu Paulista. Já arroz e feijão orgânicos serão cultivados para produção de sementes em Taubaté. Atualmente, a unidade de Marília já produz o milho variedade, utilizado pelos agricultores que se dedicam à produção orgânica diante do aumento da demanda por esses produtos no mercado.
Cultivo de Confrei
Para outras informações, os interessados podem entrar em contato com o Núcleo de Marília no e-mail:npm.marilia@cati.sp.gov.br ou pelo telefone: (14) 34334188
Obs: Imagens do arquivo de fotos do NPM
Reportagem publicada na edição de 03.03.2013 do Correio Mariliense
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