O Brasil Agroecológico tem como principal missão articular políticas e ações de incentivo ao cultivo de alimentos orgânicos e com base agroecológica e representa um marco na agricultura brasileira. O investimento inicial será R$ 8,8 bilhões, divididos em três anos.
Desse total, R$ 7 bilhões serão disponibilizados via crédito agrícola por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e do Plano Agrícola e Pecuário e R$ 1,8 bilhão será destinado para ações específicas, como qualificação e promoção de assistência técnica e extensão rural, desenvolvimento e disponibilização de inovações tecnológicas e ampliação do acesso a mercados institucionais, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
Dez ministérios, sob a coordenação do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), estão envolvidos no Plano, que visa contribuir para o desenvolvimento socioeconômico dos agricultores brasileiros e a preservação ambiental. O objetivo é ampliar e fortalecer a produção, manipulação e processamento de produtos orgânicos de base agroecológica, tendo como público prioritário agricultores familiares, assentados da reforma agrária, povos e comunidades tradicionais e suas organizações.
As ações se baseiam na Política Nacional sancionada pela presidenta em agosto de 2012 e amplamente discutida por dois grupos formados especificamente para debater o tema. Um deles é a Câmara Interministerial de Agroecologia e Produção Orgânica (Ciapo), que tem apenas representantes do governo. O outro é a Comissão Nacional Agroecologia e Produção Orgânica (Cnapo), coordenada pela Secretaria-Geral da Presidência da República, com representantes do governo e da sociedade civil.
Durante o evento, também será assinado o acordo de cooperação que institui o Programa Ecoforte, que vai potencializar as ações do Brasil Agroecológico, apoiando as redes, cooperativas e grupos produtivos de agroecologia, produção orgânica e extrativismo para fortalecimento da produção e processamento, do acesso aos mercados convencionais, alternativos e institucionais e para ampliação da renda dos agricultores familiares e extrativistas. O programa Ecoforte contará com recursos da Fundação Banco do Brasil (FBB) e do BNDES.
SAIBA MAIS
Como foi a construção do Plano
A proposta do Brasil Agroecológico foi amplamente debatida com as organizações sociais do campo e é resultado de dois grandes movimentos nacionais: no campo da agroecologia, conduzidos pela Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) e pela Associação Brasileira de Agroecologia (ABA); e na área de produção orgânica, pela rede de Comissões da Produção Orgânica das Unidades da Federação (CPOrgs) e pela Câmara Temática de Agricultura Orgânica (CTAO) do MAPA.
Também tiveram papel de destaque os movimentos sociais de base como a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), a Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Fetraf) e a Via Campesina. O fomento à produção orgânica e de base agroecológica é ponto de pauta comum nas reivindicações desses movimentos sociais.
O primeiro ciclo do Brasil Agroecológico - baseado nas diretrizes estabelecidas no Decreto 7.794/2012 - terá a duração de três anos, vinculando suas iniciativas às ações orçamentárias já aprovadas no Plano Plurianual (PPA), de 2012 a 2015. A proposta é uma construção coletiva, elaborada por membros da Câmara Interministerial de Agroecologia e Produção Orgânica (CIAPO) e da Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (CNAPO).
Ações planejadas
O Plano está estruturado em quatro eixos estratégicos: produção; uso e conservação de recursos naturais; conhecimento e comercialização; consumo. A partir desses eixos, as ações articuladas dos dez ministérios parceiros no Plano formam um conjunto de 125 iniciativas. Entre elas:
- Disponibilizar crédito e seguro agrícola adequados para sistemas de produção orgânicos e de base agroecológica;
- Universalizar a assistência técnica e extensão rural (ATER) para agricultores agroecológicos e orgânicos, com 50% de participação de mulheres rurais.
- Promover a formação de agentes de Ater, agricultores/as, jovens, pesquisadores e agentes financeiros.
- Implementar o Programa Ecoforte, para fortalecimento e a ampliação das redes, cooperativas e organizações socioprodutivas e econômicas de agroecologia, extrativismo e produção orgânica.
- Implementar e articular núcleos de educação, pesquisa e extensão nas instituições de ensino superior.
- Desenvolver e disponibilizar tecnologias inovadoras de produção e beneficiamento da produção orgânica e de base agroecológica.
- Apoiar a conservação, multiplicação, disponibilização, distribuição e comercialização de sementes e mudas crioulas e varietais, adequadas á produção orgânica e de base agroecológica.
- Ampliar a aquisição de produtos orgânicos e agroecológicos pelo PAA e PNAE, e aumento da disponibilização nos mercados convencionais.
Principais resultados:
- Fortalecimento da produção orgânica e de base agroecológica em 182 mil unidades familiares de produção;
- Adequação de 28 mil unidades de produção aos regulamentos da produção orgânica;
- Fortalecimento de 30 redes locais e apoio produtivo a 450 empreendimentos de agroecologia;
- Implantação de 60 mil unidades de acesso à água para produção no Programa Segunda Água em propriedades de produção agroecológica;
- Duplicação dos recursos do PAA para aquisição de produtos orgânicos ou de base agroecológica;
- Disponibilização de 5% ao ano dos recursos do PAA para aquisição de sementes
- Estruturação e apoio a 1.200 bancos de sementes
- Qualificação da gestão de 150 Organizações Econômicas Familiares (cooperativas, associações) agroecológicas e orgânicas;
- Regulamentação de 50 especificações de referência de produtos fitossanitários aprovados na agricultura orgânica, gerando centenas de novos produtos comerciais.
Ministérios envolvidos:
Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA); Secretaria-Geral da Presidência da República; Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa); Saúde, Educação (MEC); Ciência, Tecnologia e Informação (MCTI); Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS); Meio Ambiente (MMA); da Pesca e Aquicultura (MPA) e da Fazenda
Link:
Nenhum comentário:
Postar um comentário