domingo, 26 de janeiro de 2014

Revista do Farmacêutico n.105 - Plantas Medicinais e Fitoterápicos

PUBLICAÇÃO DO CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Nº 105 - DEZ - 2011 / JAN - 2012

Revista 105Plantas Medicinais e Fitoterápicos

Aliados do emagrecimento 

Sob prescrição médica e orientação farmacêutica, medicamentos fitoterápicos podem ser alternativa terapêutica no tratamento da obesidade
É um consenso científico que, no tratamento da obesidade, é necessário que o indivíduo adote uma série de mudanças em seu cotidiano, o que inclui reeducação alimentar e a prática constante de exercícios físicos. Mas, na busca por alternativas que possam contribuir de forma efetiva para a perda de peso, muitos profissionais têm indicado a seus pacientes o uso de medicamentos fitoterápicos e plantas medicinais cuja ação no organismo favorece o emagrecimento.

A indicação dessas alternativas apontadas como naturais ganhou força nos últimos meses de 2011, quando as opções terapêuticas para tratar a obesidade se tornaram mais escassas no Brasil depois que a Anvisa publicou a RDC 52/11. A normativa determinou a proibição das substâncias anfepramona, femproporex e mazindol, e definiu regras mais rígidas para a prescrição, dispensação e uso da sibutramina.

Ainda que atualmente exista no mercado apenas um medicamento fitoterápico registrado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) com indicação terapêutica específica para tratamento da obesidade, a Garcinia cambogia, conforme alerta a dra. Ana Cecília Bezerra Carvalho, especialista em regulação de fitoterápicos da Agência, existe uma gama de outros produtos que podem ser prescritos com o objetivo de contribuir nos processos de redução e controle da obesidade.

Nesse sentido, é importante ressaltar que nenhum fitoterápico com registro no Brasil possui os mesmos mecanismos de ação da sibutramina ou dos anfetamínicos. “Ou seja, nenhum deles atua no sistema voso central de modo a agir sobre centros nervosos de controle do apetite”, explica o dr. Luís Carlos Marques, professor do Mestrado Profissional em Farmácia da Uniban e membro da Comissão Assessora de Plantas Medicinais e Fitoterápicos do CRF-SP.

O professor lembra que, se na prática essa substituição não é possível, há no mercado outros produtos fitoterápicos que devem ser considerados pelo prescritor, levando-se em conta que a obesidade é uma patologia com inúmeros fatores de origem e características.

Há também a possibilidade de se manipular medicamentos fitoterápicos nas farmácias de manipulação autorizadas pela vigilância sanitária. Nesses casos, podem ser manipuladas espécies vegetais prescritas pelos profissionais atualmente autorizados a prescrever medicamentos. A prescrição dos fitoterápicos a serem manipulados deve ser feita somente das espécies autorizadas no país e avaliada pelo farmacêutico manipulador quanto a sua segurança e eficácia.

Mais saciedade, menos constipação

Uma das opções que têm apresentado certo potencial no auxílio ao controle de apetite é a fibra de psyllium, cujos benefícios são citados em diversos estudos internacionais. Trata-se de uma fibra solúvel que, ao ser ingerida com alimentos líquidos, forma um gel que ocupa espaço no estômago, aumentando a sensação de saciedade e, por consequência, levando o indivíduo a ingerir porções menores.

Também são aliadas no tratamento da obesidade as substâncias com efeito laxativo suave. “O obeso, em geral, tem perfil inadequado de alimentação, com baixa ingestão de fibras e alto consumo de massas, gerando quadros de constipação. O trânsito intestinal fica lento, permitindo a digestão e absorção máximas de alimentos”, afirma o dr. Luís Marques. Assim, laxativos suaves que melhoram o quadro de constipação e aumentam a velocidade do trânsito intestinal, se não emagrecem isoladamente, de certo favorecem a perda de peso. Dentre as opções de maior comercialização no mercado fitoterápico brasileiro estão a planta sene, a cáscara sagrada e o ruibarbo..

Menor absorção, maior gasto calórico

Outras substâncias também podem atuar como coadjuvantes no tratamento da obesidade por possuírem mecanismos de ação que favorecem o emagrecimento, embora até o momento estejam disponíveis apenas como matérias-primas para manipulação. Exemplo disso são os inibidores de alfa-amilase pancreática, como a faseolamina (produzida a partir de extrato de feijão branco), que diminuem a digestão dos alimentos ricos em amido, como pães e massas, que, uma vez ingeridos, são parcialmente eliminados nas fezes. Há também os inibidores da enzima lípase pancreática, como a cassiolamina (à base de extrato da espécie Cassia nomame), que agem diminuindo a digestão de alimentos ricos em gorduras e permitindo o aumento da sua eliminação.

Nessa lista também entram os produtos termogênicos, que aumentam a queima calórica após os exercícios, sendo o chá verde, erva-mate e a pimenta vermelha exemplos de substâncias com esse mecanismo de ação. “São indicados principalmente para obesos com problemas de baixo metabolismo, quadro que permite a utilização máxima das calorias ingeridas e queima mínima, ainda mais sem ou com pouco exercício”, explica o dr. Luís Marques.
Renata Gonçalez

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