09/10/2014
Danielle Kiffer
Fotos: Divulgação/UFRRJ
Criança participa de sessão de equoterapia com a orientação da equipe de pesquisadores da UFRRJ
A convivência ou a possibilidade de interagir com os cavalos podem ser benéficas para as crianças, refletindo diretamente nas atitudes e na produtividade escolar de alunos com necessidades especiais ou com problemas de comportamento e de aprendizado. Empregada como recurso terapêutico a partir da segunda metade do século XX, a Equoterapia escolar, nome que é dado ao método educacional de abordagem interdisciplinar que emprega o cavalo em ações pedagógicas, vem sendo pesquisada e aplicada no Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente (Caic) Paulo Dacorso Filho, em Seropédica, no Rio de Janeiro. A iniciativa conta com o apoio da FAPERJ por meio do edital Apoio à Melhoria do Ensino em Escolas da Rede Pública Sediadas no Rio de Janeiro. O projeto teve início no primeiro semestre de 2013, sob a coordenação do professor de educação física José Ricardo da Silva Ramos, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). O Centro, inaugurado em 1994 e instalado no campus da universidade, é administrado pela Secretaria de Educação de Seropédica em parceria com a UFRRJ.
Equipe de professores e pesquisadores que participam do projeto: melhora no rendimento escolar das crianças
No Caic, onde estudam cerca de 600 alunos, são atendidos 15 estudantes, de 6 a 11 anos, cursando da educação infantil ao 5º ano, que enfrentam problemas de aprendizado, hiperatividade, síndrome de Down e alguns tipos de autismo, como a síndrome de Asperger. Com a ajuda de estagiários e profissionais de educação física, psicologia, equinocultura e zootecnia, Ramos desenvolve atividades destinadas a estimular o contato dos alunos com os animais e também entre si, sempre a partir de exercícios que envolvem os bichos. “Há atividades elaboradas para todos os estudantes, enquanto outras se destinam ao tipo de necessidade de cada um”, conta o professor de educação física. “Para as crianças portadoras de autismo, por exemplo, procuramos intensificar o trabalho de comunicação recíproca, em rodinhas, estimulando que os pequenos falem sobre si e o que estão sentindo no momento”.
O momento mais esperado, naturalmente, é o da montaria. De acordo com Ramos, quando as crianças montam nos cavalos e os animais começam a caminhar, são estimuladas funções como a psicomotricidade, o equilíbrio e, também, a parte física de cada uma delas. “O cavalo é um agente terapêutico, que estimula a autoconfiança, já que ele é um animal que nunca rejeita a criança, fazendo com que cresça a autoestima e a autoconfiança de cada um de uma forma e velocidade que não conseguiríamos alcançar se estivéssemos praticando um esporte na quadra, por exemplo”, afirma.
Os resultados, apontados como positivos por Ramos, já estão se refletindo na sala de aula do Caic. Ele destaca o caso de uma criança portadora de encefalopatia crônica, que vivia de cabeça baixa, evitava o contato e pouco falava. Segundo as professoras da instituição, eram muitas as dificuldades para que conseguissem fazê-lo assimilar algum conteúdo, visto que não reagia a estímulos, fora ou dentro da sala de aula. Após um ano na equoterapia educacional, a atitude do aluno mudou quase que radicalmente, relatam as docentes. “Hoje, ele brinca e fala até demais”, comemora o coordenador do programa.
Os bons resultados obtidos por esse programa, envolvendo a participação dos animais, já ultrapassou os muros do Caic e chegou ao conhecimento da população do município. Prova disso é que já há lista de espera para ingressar no projeto, incluindo não só crianças que já estudam no Centro, mas também de outras unidades de ensino em Seropédica. “Diante dessa demanda, estamos pensando em, futuramente, ampliar o Centro de equoterapia educacional, a fim de podermos atender não somente às crianças do Caic, como também da comunidade ao redor”, finaliza.
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