quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Contaminantes em fitoterápicos - Boletim PLANFAVI, N.35, jul/set, 2015

O uso de fitoterápicos sem registro é preocupante, pois pode trazer sérios riscos aos usuários, não apenas pela presença de contaminantes microbiológicos, metais pesados, agrotóxicos e micotoxinas, mas também pela presença de medicamentos sintéticos em sua composição.

É comum, em análises fiscais ou em pesquisas científicas avaliando medicamentos sem registro, serem encontradas substâncias sintéticas adicionadas a fitoterápicos, como medicamentos que agem no Sistema Nervoso Central, sejam eles calmantes, como o diazepam, ou estimulantes, como até mesmo a cafeína isolada; estimulantes sexuais, como sildenafila; ou ainda corticosteroides.

A população usa fitoterápicos muitas vezes pela crença que se não fizer bem não trará nenhum mal, porém, esta sentença não é verdadeira nem mesmo para os produtos regularizados, muito menos para fitoterápicos sem registro. Muitos produtos irregulares contêm contaminantes sintéticos e semissintéticos em sua composição. A presença destas substâncias tem o objetivo de potencializar o efeito do medicamento e pode levar a reações adversas graves ou mesmo à dependência. Casos comuns na história brasileira são relatados com produtos que deveriam ser feitos a base de Garra do Diabo (Harpagophytum procubens), porém não contém em sua composição nenhuma planta medicinal, mas sim, uma altíssima concentração de corticosteroides, como o é o caso do Harp. Há também o Leite da Moreira, onde foram encontradas altas concentrações de corticosteroides. Ambos são medicamentos vendidos sem registro sanitário e sem controle em sua composição. O efeito inicial mostra-se muito bom, porém, o uso contínuo é altamente lesivo devido à alta concentração dos corticoides. Há ainda o risco de interações medicamentosas, caso o usuário esteja tomando outros medicamentos que podem ter interações com estas substâncias não declaradas no rótulo do produto.

Assim, deve-se buscar usar fitoterápicos regularizados, com registro na Anvisa ou manipulados em farmácias de confiança, prescritos por profissionais habilitados e preparados para prescrever fitoterápicos e lidar com possíveis eventos adversos provindos do seu uso. E mesmo com produtos regularizados, é necessário verificar na bula e rotulagem as restrições de uso e possíveis interações, de modo que se obtenha um bom resultado no tratamento.

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