quinta-feira, 17 de março de 2016

Alfazemas

ROSMANINHOS – Lavandula spp. (Família das Lamiáceas). Englobam-se num género de cerca de 40 espécies de plantas vivazes arbustivas e aromáticas, que inclui a alfazema. A designação rosmaninho é pouco feliz e confunde algumas pessoas, pois tem origem no nome latino do alecrim (género Rosmarinus), com o qual não se deve confundir. São plantas mediterrânicas com grande distribuição na Península Ibérica e frequentes de norte a sul de Portugal. Os botânicos distinguem três tipos de rosmaninhos: L. pedunculata subsp. pedunculata (por vezes designado por rosmaninho-maior) e L. stoechas subsp. luisieri e L. stoechas subsp. stoechas (estes dois por vezes designados por cabeçudas). Plantas com 30 centímetros a um metro de altura, os rosmaninhos vegetam em matos xerófitos de locais secos e solos pobres, ácidos ou ácidos a neutros, provenientes de areias, xistos e granitos, desde as dunas litorais às zonas interiores, lugares onde rareiam outras plantas perenes. Podem assim ser a planta dominante desses terrenos, estendendo-se por largas áreas que são designadas por rosmaninhais e que são de grande beleza quando em floração. É interessante notar a ligação destas plantas a nomes de algumas localidades portuguesas, como por exemplo o Rosmaninhal, na zona fronteiriça do distrito de Castelo-Branco, ou o Rosmaninho, no distrito de Santarém. Embora sendo os rosmaninhos plantas bastante vistosas não se encontram usualmente nos nossos jardins. Têm aí fraca longevidade, possivelmente porque sendo o seu habitat natural os solos ácidos, pobres e secos, terão fraca capacidade adaptativa às condições de riqueza e humidade do solo dos jardins bem cuidados. Todavia, há variedades melhoradas para jardim e os ingleses, que designam a L. pedunculata por “French lavender”, criaram mesmo variedades que foram premiadas em concursos de floricultura. 

Embora associados a solos de fraca aptidão agrícola, os rosmaninhos são das mais importantes plantas melíferas da flora portuguesa, podendo ser assim uma interesse fonte de rendimento através da produção de mel. Para além disso, têm uma ligação tradicional às aromáticas fogueiras que o povo acende nos festejos das noites dos Santos Populares, para dançar e saltar. Todavia, estas tradições estão a perder-se com o tempo. Como plantas aromáticas, os rosmaninhos produzem um óleo essencial utilizado em perfumaria. Na medicina popular as flores têm sido usadas no tratamento da asma e das bronquites. Têm ainda utilização como repelentes de insectos dos tecidos. 

- Cândido Pinto Ricardo, Professor Catedrático Jubilado, Instituto de Tecnologia Química e Biológica ITQB http://www.itqb.unl.pt/research/plant-sciences/plant-biochemistry

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