16 de Março de 2016
Técnicos da Incubadora Tecnológica de Cooperativas da UFMS, representantes do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), Orlando Baez e Valter Loeschner, e a pesquisadora da Fiocruz (Fundação Osvaldo Cruz), Fernanda Savicki, se reuniram na última quinta-feira (10), na UFMS, para discutirem propostas de ações conjuntas, a serem implantadas nos municípios de Porto Murtinho, Caracol, Maracaju, Corguinho e Jaraguari, por meio da incubadora.
Com o objetivo de criar uma área experimental para a transferência de tecnologia à agricultura familiar em Mato Grosso do Sul, a Incubadora Tecnológica de Cooperativas da UFMS, irá trabalhar em parceria com o MAPA. A área escolhida para efetuar as ações consiste em 52 hectares e está localizada no município de Bandeirantes distante 70 km de Campo Grande. No espaço "Estação Experimental de Práticas Agroecológicas para a Agricultura familiar", serão implantados projetos-piloto que servirão como referência para agricultores familiares do estado.
Farmácia Viva
A primeira proposta apresentada para o local é a chamada Farmácia Viva. A ideia é atender os municípios e capacitar os produtores para a realização dessa prática, ensinando, por exemplo, a importância das propriedades medicinais e da fitoterapia.
De acordo da pesquisadora da Fiocruz, Fernanda Savicki, desde 2006 existe uma política nacional do Ministério da Saúde sobre plantas medicinais e fitoterápicos e um incentivo do Conselho Municipal de Saúde para que as prefeituras adquiram medicamentos manipulados em laboratórios públicos. Daí a relevância de uma proposta como a Farmácia Viva. "A ideia é que os agricultores familiares produzam dentro da lógica agroecológica, que seja ofertado pelo SUS para o município conseguir comprar isso localmente e para ser prescrito pelos médicos locais".
No entanto, não há produção apropriada de plantas medicinais no Brasil, como pontua a professora. "Tem muita produção, mas ou é muito artesanal ou não tem controle de qualidade decente, e precisamos de algo adequado". A perspectiva da professora é realizar o plantio comercial de algumas espécies, compreender como se maneja uma planta medicinal dando ênfase para as plantas nativas, distribuir mudas e, também, realizar dias de campo e estudos de fármacos contra o mosquito Aedes aegypti. Dentro desse padrão, o objetivo é utilizar apenas 1 hectare dos 54 disponíveis no assentamento Bandeirantes.
As propostas de agroecologia também estão relacionados com a importância de se pensar uma recuperação de solo utilizando "adubo verde" (tipo de adubação do solo feito com o plantio de leguminosas no meio da lavoura, para o solo absorver nitrogênio e outros nutrientes). Assim, a segunda proposta de projeto apresentada, visa a recomposição do solo bem como o sistema agroflorestal na recomposição de APPs (Áreas de Preservação Permanente).
A recomposição do solo com adubação verde e avaliação de metais pesados ficará a cargo de uma equipe de pesquisadores da UFMS.
Para que as propostas de agroecologia tomem forma, há a necessidade de um espaço físico. Durante a reunião, discutiu-se a aquisição de um alojamento, uma cozinha industrial para se trabalhar receitas típicas, além de um laboratório para classificação e uma câmara fria para armazenamento das sementes.
Parceria MAPA
O superintendente adjunto Orlando Baez e o biólogo Valter Loeschner, representantes do MAPA durante a reunião, reforçaram a importância desse trabalho conjunto, já que na área está em andamento o projeto "Estação Experimental de Adubos Verdes e Sementes Crioulas" desenvolvido sob a coordenação de Loeschner.
Em 2008, houve o início de um programa denominado "Bancos Comunitários de Sementes de Adubos Verdes", com o objetivo de fomentar as bases agroecológicas, para introduzir a produção orgânica no país, como explica o biólogo. Em 2009, sem recursos do ministério para licitar outra vez as sementes, os pesquisadores do MAPA conseguiram utilizar três hectares dessa área em Bandeirantes.
A Coordenadora da Incubadora de Cooperativas da UFMS, Mirian Aveiro, acredita que esse é o primeiro passo para a organização de um trabalho em rede na instituição, com fortalecimento das ações compartilhadas entre as mais diversas áreas que participam da equipe e de outros parceiros que somarão forças na missão em prol da agricultura familiar em MS.
O pró-reitor de Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis, Valdir de Souza, celebra a conquista dessa parceria, pois a extensão rural tem sido ferramenta de diálogo direto com a comunidade, com demandas contínuas e fundamentais para uma atuação solucionadora da instituição.
Fonte: Incubadora Tecnológica de Cooperativas da UFMS
Link:
Nenhum comentário:
Postar um comentário