segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Esclarecimentos do CEBRID sobre a reportagem “Álcool capaz de matar é achado em 37% das bebidas da capital e Diadema”

Foi publicada no dia 30/10/2012 em importante jornal de São Paulo, a reportagem sob o título “Álcool capaz de matar é achado em 37% das bebidas da capital e Diadema”. Dado o teor da mesma, o CEBRID (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas) sente-se na obrigação de prestar os esclarecimentos abaixo.

A Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2010, iniciou ampla discussão sobre o que chamou de “Harmful Drinking” (beber prejudicial), conclamando a comunidade mundial a reduzir o sério problema resultante da ingestão inadequada de bebidas alcoólicas; assim, várias ações prioritárias foram sugeridas, entre elas, “Beber e Dirigir” e “Bebidas Alcoólicas ‘Não Comerciais’ ou ‘Não Registradas’” (definições da OMS) produzidas por instalações sem o controle de qualidade exigido por lei.

O ICAP (International Center for Alcohol Policies), ONG científica americana, ligada à indústria de bebidas alcoólicas participa deste esforço mundial, coordenando um projeto internacional de pesquisa para estudar as “bebidas alcoólicas não comerciais” (países envolvidos nesse estudo: Bielorrússia, Botsuana, Brasil, China, Estônia Índia, Quênia, México, Rússia e Sri Lanka).

O CEBRID foi selecionado para coordenar esta pesquisa no Brasil. A primeira parte, sobre São Paulo, foi concluída, há um ano, e publicada em inglês; e no dia 30/10 do corrente ano, o relatório completo, contendo uma segunda parte com dados de Minas Gerais, foi apresentado em simpósio realizado em São Paulo.

Está sendo preparado agora um volume especial pelo ICAP, com os dados de todos os dez países.

Entretanto, de alguma maneira, a imprensa “furou” a data de apresentação e noticiou de maneira muito infeliz, a parte preliminar do relatório.

A bem da verdade, achamos importante trazer à luz os fatos verdadeiros:

1º) Não foi “furo” publicar dados de São Paulo, pois já eram conhecidos e publicados há mais de um ano. Não foram mencionados os dados de Minas Gerais.

2º) A pesquisa direcionou sua atenção às “bebidas alcoólicas não registradas” como sugerido pela OMS. Não pesquisamos as bebidas legais, devidamente registradas.

3º) Os chamados “contaminantes” das bebidas alcoólicas são vários e a boa técnica de fabricação os eliminam na grande maioria das vezes.

4º) Estes contaminantes, por outro lado, podem existir dentro dos limites máximos estabelecidos por lei. Assim, o metanol é aceito quando presente em quantidades inferiores a 200 ppm (parte por milhão).

Desta forma, afirmar na notícia publicada que “37% das bebidas “não registradas” analisadas podem matar” é uma desinformação. A presença do metanol acima do limite permitido foi encontrado em apenas uma amostra de vinho caseiro, produzido em SP, entre todas as amostras examinadas em São Paulo e Minas Gerais.

Atenciosamente,

E. A. Carlini
Departamento de Medicina Preventiva - UNIFESP
Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas - CEBRID

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