terça-feira, 20 de novembro de 2012

Fartura em frutas orgânicas

 
Luciana oferta maçãs e pêssegos orgânicos.
Texto e foto deTânia Rabello

Foi-se o tempo em que a oferta de frutas orgânicas era limitada. Está aí a primeira banca certificada e especializada em frutas orgânicas a funcionar na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), no bairro do Jaguaré, zona oeste da capital paulista, para provar o contrário. 

A pioneira na iniciativa é Luciana Aparecida Dias da Silveira Carbone, ela mesma produtora de frutas orgânicas em Monte Azul Paulista, região de Bebedouro (SP). No Box 144, Pavilhão HFM, Setor de Frutas, que tem certificação orgânica pelo IBD, Luciana comercializa frutas vindas de todo o País. 

Respeitando-se a sazonalidade de cada uma – princípio básico da produção orgânica –, pode-se encontrar, ao longo do ano, coco verde, laranja, limão, banana, banana-da-terra, kiwi, tangerina poncã, maracujá, maçã, goiaba, atemoia, nectarina, pêssego, manga, limão, carambola, caqui e mamão e quaisquer outras frutas que produtores orgânicos de todo o País – inclusive quilombolas e assentados – enviam para que Luciana os auxilie a escoar a produção. Ao todo, Luciana trabalha com mais de 100 famílias de pequenos produtores orgânicos, abrigados em cooperativas e associações certificadas.

Os preços, para quem se dispõe a comparecer pessoalmente no box da Ceagesp, são convidativos e, para surpresa de muitos, são inclusive condizentes com frutas convencionais. A manga tommy, em plena safra, é vendida por Luciana por R$ 2,50 o quilo; maçã, R$ 5,00 o quilo; banana, R$ 2,50 o quilo; limão, R$ 3,00 o quilo. Fora as frutas, Luciana consegue também uma grande variedade de hortaliças e legumes orgânicos para oferecer no entreposto. Seus principais clientes são deliveries de produtos orgânicos, que dão conta de 60% da demanda mensal do box.

Apesar de oferecer um serviço tão especial, Luciana lamenta a dificuldade de escoar 100% da produção como orgânica. “Temos fartura de frutas produzidas organicamente”, garante a produtora, do alto da experiência de quem trabalha com fruticultores orgânicos de todo o País. “O que existe é dificuldade de fazer a ponte entre produtor e consumidor; o agricultor orgânico precisa de canais mais eficientes para comercializar a produção”, comenta ela, informando que, infelizmente, nem ela mesma consegue vender 100% das frutas como orgânicas.

“O pessoal aqui da Ceagesp não quer nem ouvir falar das minhas frutas”, diz Luciana, lembrando que a padronização é a lei máxima do entreposto. “Frutas orgânicas não são feias, o problema é que nem sempre seguem o padrão exigido na Ceagesp. A natureza não é assim, não funciona de maneira padronizada, e isso precisa ser levado em consideração”, diz. 

O resultado é que pelo menos 30% das frutas, hortaliças e legumes que chegam ao entreposto – pasmem! – têm de ser doados para Pastorais da Prefeitura de São Paulo, como a do Menor, e também para o Sesc, que tem o Projeto Mesa Brasil, simplesmente porque Luciana não encontra comprador.

A produtora tem tentado atrair compradores no varejo, que podem adquirir as frutas em compra direta no box 144, entre as terças e sextas-feiras, das 8h às 17h30, sendo que após as 16h30 é possível estacionar o carro em frente ao box. Outra alternativa tem sido atrair escolas particulares que trabalham com merenda e também restaurantes vegetarianos. “Em vários casos, só para escoar 100% da produção como orgânica eu até negocio melhor os preços”, ressalta a produtora, que tem a intenção primordial, segundo ela, de criar mercado para os pequenos produtores e estimulá-los a continuar produzindo organicamente.

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Data: 27.10.2012
Link:
http://www.portalorganico.com.br/noticia/117/fartura_em_frutas_organicas

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