Texto:
Laura Cavalcanti, professora de Yoga e Terapeuta Ayurvedica. Trabalha no curso de formação em Yoga na UNITAU e Anatomia Aplicada ao Yoga na UNIFESP. Referência do texto: material do curso de formação em Terapeuta Ayurvedico pela Escola Yoga Brahma Vidyalaya
O Ayurveda ensina que todas as coisas no universo são compostas de uma substância com seus atributos específicos e suas aplicações terapêuticas. Nesta teoria não há nada que não tenha o mínimo valor medicinal ou terapêutico se for aplicado corretamente, da mesma forma que não há nada que não possa ser destrutivo ou causador de doenças quando aplicado incorretamente.
A fitoterapia é uma parte importante dessa aplicação terapêutica das energias da natureza, mas na Ayurveda não são utilizadas isoladamente. Terão mais eficácia associadas a dietas e ao estilo de vida Ayurvedicos.
A comida constrói o corpo físico, e as plantas corrigem desequilíbrios físicos sutis. Se nossa dieta não for composta por comida adequada, nenhuma terapia de plantas pode ser eficaz. Portanto, para prescrever as plantas deve-se antes corrigir corretamente a dieta.
A fitoterapia Auyrvedica, assim como a medicina Ayurvedica como um todo, tem dois níveis de aplicação. O primeiro visa equilibrar a constituição individual (Prakritti), definido segundo os tipos constitucionais Vata, Pitta, Kapha e suas combinações. Para isso é aplicado um programa de aumento da saúde, prevenção de doença, promoção de longevidade e rejuvenescimento. O segundo visa ao tratamento de doenças particulares, definido segundo doenças específicas (Vikritti), que também seguem o modelo dos três Doshas. Atua no alívio de doenças particulares e seus sintomas.
No primeiro nível de tratamento é requerido o conhecimento de nossa constituição. Utiliza remédios moderados, para manter a constituição em equilíbrio, completar os tecidos profundos e energizar o corpo. Neste caso, as plantas são utilizadas, principalmente, como digestivos e suplementos nutritivos. Um exemplo é a erva Ashwaganda, para pessoas de constituição Vata, por ser tônico e rejuvenescedor, ajudando a nutrir os tecidos mais profundos, que tendem a ser insuficientes no tipo Vata. Na Ayurveda, o tratamento é sempre individual, portanto, uma erva adequada para uma pessoa pode ser inadequada para outra, daí a importância do diagnóstico constitucional do indivíduo.
O segundo nível requer o conhecimento do processo da doença e de como tratar doenças específicas. Há as doenças comuns e as moderadas, como gripe, dores de garganta, dor de cabeça, obstipação e outras. Para elas há muitos medicamentos estandardizados ou com fórmulas à base de plantas nas prateleiras. Esses remédios não são definidos em termos constitucionais ou energéticos, mas segundo sintomas de gripe, tosse, por exemplo. Essa classificação não é útil para doenças mais severas, porém geralmente são suficientes para problemas comuns. Porém, se soubermos a constituição, a eficácia será bem maior em efeito e a longo prazo. Por exemplo, para pessoas do tipo Pitta (que são de natureza mais quente) constipado não devemos usar diaforéticos muito quentes, como o gengibre, para não agravar Pitta a longo prazo. Assim como pessoas do tipo Vata (que são mais secas), não devemos usar emolientes muito fortes, para não provocar secura.
No caso de doenças mais complexas e severas, como febres altas e convulsões, por exemplo, normalmente requerem tratamento médico ou clínico. No meio desses há as doenças crônicas, como artrite e esclerose, por exemplo. A Ayurveda é muito benéfica para a limpeza de toxinas e o restabelecimento da função imunitária ( ervas como Ashwaganda, Shatavari, Guduchi etc). Para doenças, como o câncer, a terapia de apoio é muito usada.
Assim antes de aplicarmos as plantas, devemos saber aquilo que tratamos e o que somos qualificados a tratar.
Devemos analisar em relação às plantas:
1) Intensidade: algumas plantas têm ação aguda e intensa, necessitando de doses mais baixas, e outras têm ação mais lenta ou gradativa.
2) Potencial: algumas plantas podem ter a relação entre a dose terapêutica e a dose tóxica bem estreita. Neste caso, devem seguir rigorosamente as restrições de dosagem, sob acompanhamento médico e farmacêutico.
3) Forma de preparação: as diferentes preparações farmacêuticas podem modificar os efeitos terapêuticos. São preparados na forma de pó, suco fresco, decocção, óleo medicado, leite medicado, infusão fria, geléia.
Em relação ao paciente, devemos conhecer a gravidade da afecção, a receptividade do paciente à droga, o peso corporal do paciente, o sexo, o poder digestivo, o estado de agravação dos doshas do paciente, a natureza da doença, o estado do estômago do paciente, idiossincrasias, a condição mental e a constituição individual. Também é considerado o clima do local e a estação do ano.
Abaixo, algumas plantas indianas mais conhecidas:
1 – ARJUNA
Nome científico: Terminalia arjuna / Família: Combretaceae
Ações: tônico e estimulante cardíaco, adstringente e hemostático.
2 – ASHOK
Nome científico: Saraca asoca (sin. S. indica) / Família: Fabaceae
Ações: adstringente, hemostático, diurético e sedativo uterino.
3 – KAPIKACHHU
Nome científico: Mucuna pruriens / Família: Papilionaceae
Ações: Tônica, rejuvenescedora, afrodisíaca e adstringente.
4 – CHITRAK
Nome científico: Plumbago zeylanica / Família: Plumbaginaceae
Ações: Estimulante, diaforético, carminativo, emenagogo e colagogo.
5 – GUDUCHI
Nome científico: Tinospora cordifolia / Família: Menispermaneceae
Ações: tônico amargo, febrífugo e diurético.
6 – ASHWAGANDHA
Nome científico: Withania somnifera / Família: Solanaceae
Ações: tônico, anti-inflamatória, imunomodulador, antitumoral, nervino, sedativo leve, tônico, analgésico, afrodisíaco e antianêmico.
7 – GUGGUL
Nome científico: Commiphora wightii (sin. C. mukul / Família: Burseraceae
Ações: anti-inflamatório, anti-adesivo-plaquetária, anticolesterolemico, adstringente, estimulante, anti-séptico imunológico e emenagogo.
Fotos: wikipedia
Fotos: wikipedia
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