quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Especialistas questionam investimentos na cadeia produtiva de apenas um fruto amazônico


MANAUS - Em Manaus, especialistas debateram a cadeia produtiva do açaí amazônico. Para eles, potencialmente o açaí é um sucesso, mas lideranças alertam para os perigos de se investir muito na cadeia produtiva de um só fruto. Os questionamentos fizeram parte do 13° Seminário de Desenvolvimento Agropecuário do Amazonas, promovido pelo Sistema Faea (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas) e Senar-AR/AM (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural - Administração Regional do Estado do Amazonas.

Fruto da moda

O açaí é visto com otimismo e, ao mesmo tempo, desconfiança. “O açaí é um segmento de forte impacto comercial e apelo internacional. Por isso, se vê a aplicação de insumos do Estado, mas ainda há os citros e outros produtos tradicionais, como o cupuaçu. Todo o segmento fruticultor deve ser estimulado para que experimente o crescimento alcançado pelo açaí”, lembrou o presidente da Faea, Muni Lourenço.

Mas a moda nem sempre garante futuro, explica o chefe do departamento de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa-Amazônia Ocidental, Celso Azevedo “sempre aparecem tendências que parecem ser perenes, mas devemos lembrar que a algum tempo, foi divulgado que a próxima onda seria a do palmito de pupunha. A ideia não vingou comercialmente na região, por haver resistência do produtor e principalmente do consumidor. Quem foi na onda, fracassou.”

Mesmo com um mercado forte e com uma produção longe do esgotamento, Azevedo cita alguns entraves para a venda do açaí produzido no Amazonas “com a demanda das multinacionais vai haver a necessidade de mais pesquisas que aumentem a qualidade e produtividade do açaí. Aí entra a Embrapa, com pesquisas e foco na produção. A demanda gerada pelo mercado internacional exige selos e certificações, os pequenos produtores deverão se adequar.”

Agroindústrias do Pará

Azevedo ainda lembra que o maior Estado produtor do açaí é o Pará.“Devemos evitar o foco em uma só cultura. Ainda estamos longe da produção e do montante comercializado e consumido no Estado vizinho. As agroindústrias paraenses até exportam clones de açaizeiro, uma palmeira mais baixa e que produz muito mais frutos que as de nosso Estado", definiu.

Agregar valor ao produto pode ser um bom trunfo para quem produz o açaí, explica Azevedo “plantar açaí em áreas já degradadas serve para o reflorestamento e evita a derrubada de novas áreas. Ainda há o segmento de alimentos orgânicos, mas este é um mercado restrito, devido ao preço praticado e tem entre seus consumidores idealistas, mas o povo mesmo não tem acesso. Esperamos um dia poder baratear o suficiente para que este seja consumido pelo grande público.

O seminário teve apoio da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). // Portal Amazônia

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