Centro de conferência da ONU em Estocolmo.UN Photo/Yutaka Nagata
Apesar da polêmica sobre uma possível uma pausa na evolução da temperatura da Terra, a vida no planeta continua ameaçada, acreditam os representantes do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU, o IPCC, que divulga o primeiro relatório de síntese do grupo nesta sexta-feira.
Andrei Netto, correspondente do jornal O Estado de S. Paulo, especial para a RFI
Reuniões com mais de 14 horas de duração têm marcado as discussões do primeiro relatório de síntese da 5ª edição do IPCC, que acontece desde segunda-feira. O longo trabalho tem como objetivo apresentar à opinião pública, à comunidade científica e sobretudo aos líderes políticos um resumo atualizado sobre o que se sabe em termos de alterações climáticas ocorridas na Terra desde a Revolução Industrial.
O centro dos debates continuou sendo, nesta terça-feira, o chamado “hiato” ou a suposta desaceleração do aquecimento global. O motivo da controvérsia é uma constatação dos próprios cientistas.
Segundo o rascunho do relatório que vem sendo discutido na Suécia, alguns dados coletados nos últimos cinco anos apontam para uma pausa na evolução da temperatura nos últimos 15 anos. O texto afirma: “Tendências de temperatura média da superfície global apresentam variação substancial a cada década, a despeito do robusto aquecimento desde 1901.”
Mas a seguir o documento faz uma ponderação que alimentou o ceticismo de uma pequena minoria dos cientistas que estudam o clima em todo o mundo. Ele afirma: “A taxa de aquecimento nos últimos 5 anos (1998-2012, de 0,05ºC por década) é menor do que a tendência desde 1951 (1951-2012, de 0,12ºC por década).”
A referências fazem parte de dois parágrafos de um texto de 31 páginas, mas concentraram as discussões até aqui. Para o conjunto dos autores do IPCC, não existe hipótese de que o aquecimento global não esteja acontecendo. E mais: ele, com 95% de certeza, responsabilidade do homem.
Por isso, países como o Brasil e a Alemanha são até mesmo contra a inclusão dos parágrafos no texto final, por considerar períodos curtos, de 15 anos, “como cientificamente insignificantes.”
O desfecho da polêmica será conhecido até a sexta-feira, quando o texto final será divulgado. Antes disso, porém, algumas certezas já são conhecidas.
O próprio relatório do IPCC reitera: “A média global de temperatura, combinadas as superfícies de terra e oceano, indica um aumento de 0,89ºC no período de 1901-2012. Neste período, quase todo o globo tem experimentado o aquecimento da superfície.”
Ou seja: para os cientistas e também para os delegados que representam governos de 195 países no IPCC, não há dúvidas de que o aquecimento global, o derretimento de geleiras e o aumento do nível dos oceanos está em curso e ameaça a vida na Terra.
Link:
Nenhum comentário:
Postar um comentário