República de Kiribati, no atol de Tarawa, na região central do Oceano Pacífico.Reuters/David Gray
Os climatologistas reunidos em Estocolmo para as reuniões do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU, IPCC devem rever para cima a expectativa de elevação do nível do mar, uma das consequências mais sérias das mudanças climáticas ocasionadas pelo aquecimento do planeta. Um relatório completo sobre o assunto será publicado na sexta-feira pelos especialistas.
Em 2007, em seu primeiro relatório, o IPCC havia estimado que a elevação média dos oceanos poderia ser de 18 a 59 centímetros em 2100. Entretanto, passados seis anos, os novos estudos avaliam que este aumento pode chegar a 80 centímetros, no final do século. Esta projeção afetaria bem mais localidades além das ilhas do Pacífico, indicadas inicialmente.
Estes dados ainda precisam ser confirmados, ao longo da semana, pelos cientistas reunidos na Suécia. O tema preocupa há anos as populações de Estados insulares do Pacífico, como Tuvalu, Maldivas e Kiribati, mas poderia atingir também dezenas de milhares de pessoas que moram em zonas costeiras em todo o mundo.
Um estudo recente publicado na revista Nature Climate Change avaliou o impacto econômico potencial por enchentes nas 136 cidades costeiras com mais de 1 milhão de habitantes: em 2050, este custo poderia ultrapassar 1 bilhão de dólares, se nada for feito para prevenção.
Diante da ameaça, o Giec tenta trazer respostas mais específicas para viabilizar uma ação mais eficaz dos governos. “Hoje nós reduzimos consideravelmente a margem de incertezas”, disse à agência AFP Anny Cazenave, especialista do em observação dos oceanos no Laboratório de Estudos em Geofísica e Oceanografia Espacial.
Globalmente, a elevação do nível do mar se acelerou nos últimos 20 anos, de acordo com os climatologistas: 3,2mm por ano em média, nos 20 últimos anos, contra 1,7mm em média entre 1901 e 2010. Hoje, fenômenos que não eram bem conhecidos em 2007 foram melhor estudados, como o degelo da Groenlândia e da Antártica, de acordo com Cazenave, co-autora do capítulo sobre os mares no relatório do IPCC.
De acordo com os estudos mais recentes, as placas de gelo da Groenlândia e da Antártica contribuíram para pouco menos de um terço da elevação do nível do mar nos últimos 20 anos, e o restante é consequência da dilatação térmica e o derretimento das camas de gelo nas montanhas.
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