quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Falta de preservação das zonas úmidas pode resultar em desastres ambientais de custo elevado

Ilha de Marajó: biodiversidade protegida. Foto de Paulo de Araújo/MMA

O Brasil possui 11 áreas caracterizadas como zonas úmidas. São áreas de pântanos, charcos, manguezais, pauis, sapais e turfas, permanentes ou temporários, que normalmente abrigam uma grande biodiversidade de plantas, animais, pássaros, ou os que deles se alimentam, presentes em 6,9 milhões de hectares, distribuídos por oito Estados. Há exatos 20 anos, esta extensa área do território nacional foi reconhecida como de importância internacional pela Convenção de Ramsar sobre Zonas Úmidas da Organização das Nações Unidas (ONU), por fornecer serviços ecológicos fundamentais às espécies de fauna e flora e para o bem-estar das populações.

As zonas úmidas brasileiras estão localizadas em unidades de conservação do Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Bahia, Mato Grosso, Tocantins, Amazonas e Maranhão. Está em terras brasileiras a maior área úmida continental do planeta, o Pantanal matogrossense, com extensão de 148 mil quilômetros quadrados de pura biodiversidade. O bioma foi decretado como patrimônio nacional pela Constituição de 1988, além de ser classificado como patrimônio da humanidade e reserva da biosfera pela ONU em 2000.

COOPERAÇÃO

A Convenção de Ramsar sobre Zonas Úmidas de Importância Internacional é um tratado intergovernamental, com adesão de aproximadamente 160 países, que estabelece marcos para ações nacionais e para a cooperação entre nações com o objetivo de promover a conservação e o uso racional de zonas úmidas no mundo. Essas ações estão fundamentadas no reconhecimento, pelos países signatários da Convenção, da importância ecológica e do valor social, econômico, cultural, científico e recreativo dessas áreas. Estabelecida em fevereiro de 1971, na cidade iraniana de Ramsar, a Convenção de Ramsar está em vigor desde 21 de dezembro de 1975, com tempo de vigência indeterminado.

O governo brasileiro, por meio do Ministério do Meio Ambiente (MMA), criou, em 2003, o Comitê Nacional de Zonas Úmidas, colegiado coordenado pela Secretaria de Biodiversidade e Florestas (SBF) com as funções de propor diretrizes e ações para internalizar a Convenção no Brasil, avaliar a inclusão de novos Sítios e subsidiar a participação do país nas Conferências das Partes de Ramsar, dentre outras responsabilidades. “É importante preservar as zonas úmidas porque elas são social e economicamente insubstituíveis, atuam como barreiras às inundações, permitem a recarga dos aquíferos (uma formação ou grupo de formações geológicas formado por rochas porosas e permeáveis, capazes de armazenar água subterrânea), preservam os nutrientes, purificam a água e estabilizam as zonas costeiras”, explica o analista ambiental da SBF Maurício dos Santos Pompeu.

Ele alerta para o risco de colapso desses serviços, decorrente da destruição das zonas úmidas, podendo resultar em desastres ambientais de custo elevado em termos econômicos e de perda de vidas humanas. Segundo Pompeu, os ambientes úmidos cumprem papel vital no processo de adaptação e mitigação das mudanças climáticas, já que muitos deles são grandes reservatórios de carbono. As zonas úmidas são complexos ecossistemas, que englobam desde áreas marinhas e costeiras até as continentais e as artificiais, como lagos, manguezais, pântanos e também áreas irrigadas para agricultura e reservatórios de hidrelétricas, entre outras.

Atualmente, existem 1.556 Sítios Ramsar reconhecidos mundialmente por suas características, biodiversidade e importância estratégica para as populações locais, totalizando 129,6 milhões hectares. Mas, nas últimas décadas, aumentou a pressão pela instalação de projetos de desenvolvimento, com sérios impactos ao meio ambiente, entre eles, a instalação de hidrelétricas, a construção de hidrovias, práticas inadequadas do solo e vários outros.

Texto de Luciene de Assis, do MMA, publicado pelo EcoDebate, 25/09/2013

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