Práticas Integrativas e Complementares: projeto Jardins da Saúde
A rica diversidade das experiências apresentadas durante o I Fórum Estadual de Práticas Integrativas e Complementares de Minas Gerais fez com que o Ecomedicina criasse uma série de entrevistas para a seção Testemunho. O objetivo é, ao formar opinião sobre os resultados da aplicação das Práticas Integrativas e Complementares (PICs) no SUS, estimular e apoiar a inclusão em outros locais, além, claro, de proporcionar a reflexão sobre aprimoramentos.
As entrevistas foram elaboradas com base nos pontos que cada expositor destacou, também em comentários e nas respostas dadas a questões da plateia. Por esta razão as entrevistas não têm um roteiro comum, seguem a lógica que cada um dos autores elegeu para apresentar o que está fazendo. Confira a entrevista de Radjalma Cabral sobre o projeto Jardins da Saúde.
Conte a história do projeto Jardins da Saúde e como este projeto foi incorporado ao SUS e ao PSF?
Este projeto nasceu na década de 80, pela necessidade de apresentar às pessoas (usuários) as plantas às quais me referia, porque a população conhece nomes populares diversos. Por outro lado, eu mesmo e os profissionais (e estudantes) interessados em conhecer o efeito medicinal das plantas não dispúnhamos de boas imagens, como as encontradas hoje na internet. Assim, após conversas com o Dr. Celerino Arriconde (PE - Movimento de Volta às Raízes) e o Dr. Vitor Matos (CE - Projeto Farmácias Vivas) resolvi organizar um modelo semelhante. Quando iniciei a trabalhar diretamente com comunidades através de prefeituras. Piaçabuçu – Alagoas, em 1999, em seguida, no SUS em Caruaru, Pernambuco, e posteriormente Rio Branco, Acre, de 2000 a 2006. Iniciei, então, plantações com a parceria dos agentes do PA CS, PSF, associações de moradores, escolas de ensino fundamental e médio, até que fui convidado a ministrar aulas com plantas medicinais a estudantes de medicina e enfermagem na Universidade Federal do Acre. Com a minha vinda a Minas Gerais, estou trabalhando na comunidade de Valão, distrito da cidade de Poté na instalação deste projeto sob financiamento pelo ministério da saúde.
Quais são os resultados colhidos?
Os principais estão nas ações de neutralização de epidemias de dengue nos estados de Alagoas, Pernambuco, Acre e Bahia.
Poderia nos relatar quais são as ações que empregou nestas ocasiões e especificar os municípios em que foram realizadas?
Um modelo de projeto que vim aperfeiçoando ao longo das epidemias que aconteciam onde estive trabalhando, envolvendo os conselhos locais de saúde, as escolas e as comunidades como parceiras. As cidades: Piaçabuçu, Caruaru, Rio Branco e Vitória da Conquista.
Já desenvolveu algum tipo de análise para averiguar se adoção do seu trabalho trouxe benefícios para a administração pública?
Sim. Como exemplo está o vídeo apresentado no Fórum de Plantas Medicinais realizado pela Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais, em Belo Horizonte, em 2013.
Quantos pacientes são beneficiados?
No momento é impossível determinar; são mais de dez anos de trabalho.
Quais os problemas mais comuns e os métodos de tratamento utilizados?
Todos os apresentados na atenção básica podem ser beneficiados pelas plantas, independente de serem agudos ou crônicos.
Poderia citar quais os problemas que são mais frequentes e os métodos que emprega?
Em medicina de família e comunidades todas as situações estão sujeitas a chegarem ao consultório, os problemas referentes a inflamações ginecológicas respondem rápido ao uso de plantas (nos casos em que têm indicação).
Pode relatar algum tipo de resultado para a saúde da mulher?
Prevenção de câncer de colo uterino.
No se refere aos parceiros, poderia relatar como se dá o trabalho com cada um destes atores sociais que citou?
As parcerias se dão pela apresentação de argumentação com literatura apropriada e casuística local, sempre com a anuência das autoridades, uma exceção é o conjunto de ações executadas na cidade de Rio Branco, Acre, onde a secretária de saúde não era favorável. Mas o governador do estado, o prefeito, médicos e enfermeiros integrantes da gestão, assim como colegas professores da Universidade Federal do Acre, deram o incentivo necessário, culminando com a seleção pelo Ministério da Saúde em duas mostras nacionais e em uma Mostra Internacional.
No momento, estou me dedicando a um projeto itinerante denominado Saúde Sabor e Arte, que tem por objetivo oferecer a pessoas que não estão na área de abrangência da Equipe do SUS em que trabalho. São informações de prevenção e capacitações na promoção da neutralização dos agravos decorrentes de doenças crônicas (hipertensão, diabetes, AVC etc.). São atividades com música, alimentação e estudos em grupo motivacionais, fundamentadas em pesquisas científicas.
Clique aqui para ler a apresentação de Radjalma Cabral!
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