segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Entendendo os selos de cosméticos naturais e orgânicos

Data: 01.12.2013
Texto escrito por Nyle Ferrari e originalmente publicado no blog Lookaholic
Frequentemente eu falo no blog Lookaholic sobre cosméticos que são certificados pela EcoCert, IBD ou pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (selo USDA Organic), mas creio que muita gente fica se perguntando: que raios isso significa?

Como a onda de cosméticos/alimentos naturais e principalmente orgânicos é relativamente recente e ainda não se tem uma legislação específica para isso, órgãos particulares como a EcoCert e IBD (não tem só elas, claro, mas são as mais famosas – EcoCert no exterior e IBD aqui no Brasil) surgiram para regulamentar as matérias primas usadas, estabelecer normas a ser seguidas, diferenciar produtos naturais de produtos orgânicos, etc.

Os órgãos certificadores não são unânimes em suas normas, por isso é importante saber a diferença entre eles. Para começo de conversa, é preciso que saibamos diferenciar um cosmético orgânico de um cosmético natural (e até nisso as opiniões se dividem):

O que é um cosmético natural para a IBD: é aquele que tem pelo menos 5% (sobre o total de ingredientes) de matérias primas certificadas orgânicas. Os 95% restantes da formulação podem ser compostos por matérias-primas naturais.

O que é um cosmético natural para a EcoCert: aquele que tiver no máximo 5% de ingredientes de síntese pura (sobre o total de ingredientes), mínimo 5% de ingredientes certificados orgânicos (sobre o total de ingredientes) e mínimo 50% de ingredientes vegetais certificados orgânicos (sobre o total de ingredientes vegetais).

O que é um cosmético orgânico para a IBD: aquele que tem no mínimo 95% de matérias primas orgânicas em relação ao total de matérias-primas (naturais, orgânicas, derivadas de naturais) utilizadas na formulação.

O que é um cosmético orgânico para a EcoCert: aquele que tem 95% de matérias-primas orgânicas em relação à quantidade total de matérias-primas vegetais utilizadas na formulação.

Até aí tudo bem, as diferenças entre as regras estabelecidas por esses órgãos não são tão diferentes, só que a questão é que para a IBD, a água e o sal, se presentes na fórmula do produto, não são considerados para o cálculo – para a EcoCert, sim. A IBD acha essa medida necessária para evitar que a porcentagem de produtos orgânicos seja aumentada de maneira indevida.

Outra diferença muito importante entre a IBD e a EcoCert é que essa última utiliza o mesmo selo para certificar cosméticos orgânicos e cosméticos naturais, a IBD usa selos diferentes.
O selo IBD Certificado Orgânico designa produtos orgânicos ou “feito com ingredientes orgânicos” (no mínimo 70%). A direita selo Ecocert e a esquerda vários tipos de selos da IBD. Foto: Reprodução. 

Vale destacar que tanto a EcoCert quanto a IBD proíbem inúmeros conservantes sintéticos, porém a EcoCert aceita o fenoxietanol como conservante, a IBD não. Dentre os conservantes que a IBD aceita, destaca-se o benzoato de sódio e o benzoato de potássio. 

Fenoxietanol é um composto químico orgânico, um éter glicólico frequentemente usado em produtos dermatológicos tais como cremes para a pele e protetores solares. É um líquido oleoso incolor.

Apesar de alguns conceitos díspares, esses órgãos concordam em alguns aspectos:

Ambos proíbem o uso de matérias primas que levem à morte ou causem danos aos animais, porém ambas autorizam o uso de matérias primas de origem animal (mel, por exemplo), desde que as mesmas não tragam prejuízos ao mesmo e não haja substitutos.

Ambos são concordantes quanto à autorização de matérias primas minerais para uso cosmético, desde que o processo de obtenção das mesmas não provoque danos ambientais.

Ambos proíbem todas as matérias primas obtidas por síntese (por exemplo: dois compostos que resultam em outro) que não tenham em sua composição nada de componentes químicos naturais.

Ambos proíbem os testes em animais para certificar a segurança e eficácia do produto cosmético.

Além dos conhecidos selos da EcoCert e da IBD, temos o selo USDA Organic, dado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Quando um produto contém esse selo, significa que ou ele possui 100% de ingredientes orgânicos, ou contém pelo menos 95% de ingredientes orgânicos.

Assim como a IBD, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos não considera a água e o sal na contagem.

Há dois pontos importantes sobre o selo USDA Organic: ele certifica produtos que são produzidos em fazendas, como mel, abacate e outros alimentos. Ingredientes derivados de plantas e óleos essenciais não são regulamentados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.

Outro que não tem tanto a ver com matérias primas usadas nos cosméticos, mas tem importância social muito grande é o selo Fair Trade. 
Foto: Reprodução.

Quando um cosmético ou marca recebe essa certificação, significa, dentre outras coisas, que ela garante condições de trabalho justas na cadeia produtiva, preços dignos (que garantam o sustento dos agricultores envolvidos na produção), produção sustentável (Fair Trade proíbe estritamente o uso de organismos geneticamente modificados, promove sistemas agrícolas que melhorem a fertilidade do solo, etc), desenvolvimento social.

A IBD também possui um selo com conceitos parecidos, o IBD Social.

Notem o quão importante é saber os significados dos selos para que possamos optar por produtos e marcas que tenham comprometimento com o meio ambiente, com o consumidor, com os trabalhadores. Consumidor consciente faz a diferença. Agora você pode ser um!

Fonte: Lookaholic.
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