quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Flora da Amazônia tem 87 espécies ameaçadas de extinção, por Elaíze Farias

Castanheira (Lecythidaceae_Bertholletia_excelsa), está na lista de ameaçadas. Foto: Rogerio Gribel/ CNC-Flora

Elaíze Farias – Amazônia Real

Um estudo divulgado no início deste mês pelo Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro colocou 87 exemplares da flora da Amazônia Legal na lista de espécies ameaçadas de extinção. Treze destas espécies foram classificadas como Criticamente em Perigo (CR). Outras 36 foram consideradas Em Perigo e 37 foram incluídas na categoria Vulnerável. No total, foram avaliadas 150 espécies da região.

A equipe do Centro Nacional de Conservação da Flora (CNC/Flora), vinculado ao Instituto de Pesquisas do Jardim Botânico, disse ao portal Amazônia Real que a maior ameaça para as plantas da Amazônia é o desmatamento e a perda de seu habitat.

Segundo a publicação, intitulada Livro Vermelho da Flora do Brasil, as estimativas de extinção de espécies de plantas na Amazônia vão de 5% a 9% até o ano de 2050. A redução de habitat dessas espécies vão de 12% a 24% e 33% até o ano de 2030.

Segundo os pesquisadores, o fogo, a coleta e a extração de espécies (ornamentais, medicinais e de madeira) são ameaças que também devem ser consideradas como de alto impacto, mesmo em áreas protegidas, como é o caso das unidades de conservação. Outra preocupação é a falta de fiscalização das áreas.
Mogno (Meliaceae_Swietenia_macrophylla), é uma outra espécie da lista. (Foto: Lucas Moraes/CNC-Flora)

O fato de a Amazônia, aparentemente, estar em situação melhor que outros biomas do país (como é o caso da Mata Atlântica e o Cerrado) pode ser explicado pela grande quantidade de áreas protegidas (38% de seu território) e pelas várias regiões de difícil acesso. Outra explicação pode ser a pouca quantidade de espécies analisadas pelos pesquisadores do CNC/Flora devido às lacunas de informação – a instituição admite que analisou uma quantidade pequena de espécies. Isso significa que o número de espécies ameaçadas na Amazônia pode ser maior.

“Uma das maiores dificuldades em avaliar as espécies amazônicas é a falta de dados. Por ser um bioma muito grande e diverso e com baixo esforço de coleta e pesquisa em geral, em muitos casos foi bastante difícil para os avaliadores fazerem estimativas e inferências sobre o real estado de conservação das espécies”, explicou a equipe do CNC/Flora, em resposta ao portal por email ao portal.

Espécies ameaçadas

O Livro Vermelho da Flora do Brasil apresenta a avaliação científica de 4.617 espécies da flora brasileira.

A Mata Atlântica e o Cerrado são os biomas com a maior quantidade de espécies em risco de desaparecer da biodiversidade, num total de 2.118 plantas da flora brasileira.

A publicação teve a colaboração de cerca de 200 especialistas brasileiros e estrangeiros. O estudo pretende contribuirão para a atualização da “Lista Oficial de Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção”, que está a cargo do Ministério do Meio Ambiente.

Para a classificação do nível de ameaça, a equipe do CNC/Flora utilizou o sistema da “Lista Vermelha da União Internacional para Conservação da Natureza” (UICN) – considerado método mais rigoroso que os anteriormente usados no país.

As 2.118 espécies classificadas como ameaçadas se encontram nas categorias Vulnerável (VU), Em Perigo (EN), e Criticamente em Perigo (CR). As restantes entraram nas categorias Menos Preocupante (LC), Deficiente de Dados (DD) e Quase Ameaçada (NT).

O grupo das Pteridófitas (que inclui samambaias, avencas e xaxins, por exemplo) é o mais ameaçado, enquanto o das Briófitas (musgos, entre outros) é proporcionalmente o menos ameaçado. O estudo apontou ainda que a família das bromélias (Bromeliaceae) apresenta o maior número de espécies consideradas “Criticamente em perigo” (CR), seguida das famílias Orchidaceae (orquídeas) e Asteraceae (de que fazem parte, por exemplo, girassóis e margaridas).

A família Asteraceae abriga a maior quantidade de espécies consideradas “Em perigo” (EN), seguida de Bromeliaceae e Orchidaceae. Esta última é também a família com o maior número de espécies consideradas “Vulneráveis” (VU), seguida de Asteraceae e Fabaceae (plantas que dão vagens). Em números absolutos, o gênero Begonia (Begoniaceae) é o que tem mais espécies ameaçadas, no total de 36. Em segundo lugar vem o gênero de bromélias Vriesea, com 35, e o gênero Xyris (Xyridaceae), com 27 espécies ameaçadas.

Número de espécies (150 no total) avaliadas por Estado que fazem parte do bioma Amazônia:
Pará – 43
Amazonas – 35
Mato Grosso – 22
Maranhão – 20
Acre – 17
Amapá – 9
Roraima – 8
Tocantins – 6

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