terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Toledo, Paraná: Sabedoria popular sobre ervas medicinais é valorizada

Os fitoterápicos ganham cada vez mais espaço nas prescrições médicas
Publicado em: 16/12/2013 

Francielly Hirata
As plantas medicinais são cultivadas no fundo de casa

O uso de ervas medicinais é muito antigo e acompanha a evolução da espécie humana. Por muito tempo as doenças eram tratadas apenas de forma natural, porém, houve o “boom” da indústria farmacêutica, o que gerou o questionamento de seus benefícios em comparação aos medicamentos sintéticos. Porém, hoje o conhecimento científico respalda a sabedoria popular e as plantas já são usadas nos fitoterápicos em grande escala. Mas, há quem mantém a tradição da horta em casa, com o cultivo de uma diversidade de espécies.

Laura Borges dos Reis tem 66 anos e desde criança é acostumada com o uso terapêutico de raízes, cascas, folhas, flores e frutos das ervas ou plantas consideradas medicinais. Ela conta que este conhecimento foi passado por diversas gerações na sua família. “Em casa a gente tratava tudo com chá e remédios de farmácia eram raros, somente em coisa muito séria. Hoje mudou muito, mas continuo com minhas plantinhas”, conta ao revelar que além da influência de seus pais e avós, quando casou a avó de seu esposo era uma índia, que a ensinou muito mais sobre os benefícios da natureza à saúde.

Ela conta que seus filhos foram criados como ela, na base dos produtos naturais. “Para verme, por exemplo, usava erva de Santa Maria. Acordava de madrugada para pegar com orvalho, amassa em pano bem limpo e extraia o líquido para dar em jejum para as crianças”, recorda. Atualmente os filhos, embora utilizem de muitos medicamentos laboratoriais, ainda recorrem à sua ciência. “Direto eles pedem um chá para alguma coisa. Tem um que joga bola e sempre está machucado, uso mentruz ou rubim, e dois dias depois ele está de volta ao futebol, sem usar remédio”, conta.

Laura afirma que sabe que é indispensável o uso dos medicamentos em determinados casos, mas que a ciência já prova a eficácia das ervas. “Eu gosto de ter e de me informar também sobre isto. Leio bastante, assinto na televisão sobre o que tem de novo e comprovado em relação às plantas”, complementa ao mostrar uma grande horta atrás de sua casa, repleta de uma variedade de espécies.

NATURAL

Muitas das indicações populares foram encapsuladas pela indústria, mas a dona de casa garante que ter o produto natural, no fundo de casa faz diferença. “Todos os dias eu cuido delas, sei o que tenho e que é sem nenhum agrotóxico. Se precisar basta sair de casa, colher e usar”, comenta ao acrescentar que até os vizinhos já sabem da sua horta e vivem pedindo ajuda de “um chazinho para acalmar, para cólica”.

No seu quintal ela tem acesso a ervas e plantas para melhorar o sono e acalmar como a hortelã e a cidreira; para a gripe como o manjerão; para o coração como o alecrim; para coceira como a carobinha; para cólicas intestinais como o cipó milome; para inflamação como camomila e erva doce; para assadura como a amorinha preta, entre outras.

Laura se envaidece ao contar que utiliza apenas um remédio para os ossos, e apenas uma vez por semana. “Tem muita gente na minha idade que de manhã tem um coquetel para tomar. E eu vou ao médico e estou muito bem, sem nenhuma doença”, analisa as consequências.

COMPROVAÇÃO

Se o povo usa uma planta para determinada patologia, hoje a ciência estuda e comprova ou não sua eficácia. O conhecimento popular está cada vez mais valorizado. Segundo o professor de Fitoterapia do curso de Farmácia da Unipar de Toledo, Euclides Lara Cardozo Junior, todas as pesquisas científicas partem deste entendimento. “E muitas vezes acontecem que a descoberta é exatamente o que o povo descreve. Hoje centenas das plantas possuem comprovação de sua eficácia”, revela.

Ele explica que cultivar estas espécies em casa é um hábito saudável, pois além da ocupação com vínculo com a natureza, muitos sintomas e doenças mais simples podem ser tratados com as ervas. “Mas também é preciso saber a comprovação de seu efeito e a maneira correta de uso, é preciso cautela”, ressalta.

O especialista conta que o usa de ervas é pré-histórico, pois o homem a utilizava muito antes de dominar a agricultura, por exemplo. “Sempre foi uma necessidade conjunta com a evolução humana, o uso de medicamentos sintéticos que é a exceção, a regra sempre foi usar plantas”, conta ao afirmar que enquanto a ciência não desenvolveu mecanismos para entender como a natureza agia, aliado à questão econômica, já que as indústrias farmacêuticas influenciavam muito os rumos da pesquisa, houve a crítica e questionamento do conhecimento popular.

Hoje está superado e existem profissionais especializados no assunto diversos campos da saúde. “Estas ervas já passam por processo industrial e são produzidas em grande escala, sendo prescritas por muitos médicos. Os resultados são eficazes e já há inclusive a distribuição de medicamentos fitoterápicos pelo Sistema Único de Saúde”, complementa.

ESTÉTICA

Nas farmácias de produtos naturais a população busca pelos benefícios da natureza. O proprietário de uma loja de Toledo, Gerso Remonte, conta que além dos itens para a saúde – que geralmente complementam com outros medicamentos ou utilizam em casos de patologias moderadas, muitos clientes utilizam os extratos naturais em benefício da beleza. “A grande procura é de produtos para estética e emagrecimento”, revela ao reforçar que a farmacopéia possui um leque enorme de artigos, porém, utilizando somente os que possuem respaldo científico.
E aproveitadas nos chás, banhos e compressas por toda a família e vizinhos

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